Segundo a International Agency for Research on Cancer (IARC) a prevalência de casos de cancro infantil tem vindo a aumentar nas últimas décadas. Em todo o mundo, cerca de 215 mil casos de cancro infantil são diagnosticados anualmente em menores de 15 anos e, aproximadamente 85 mil casos de cancro em indivíduos com idade entre 15 e 19 anos.
O cancro infanto-juvenil possui uma apresentação clínica e histológica diferente do dos adultos e as suas causas ainda não são bem definidas. Entre os sinais e sintomas, podemos identificar os nódulos típicos, a palidez, a fraqueza generalizada, a dor progressiva, a febre, a alteração de visão e a perda de apetite.
Os tipos de cancro mais comuns nessa faixa etária são as leucemias, que representam a maior percentagem de incidência (26%), seguidas dos linfomas (14%) e tumores do sistema nervoso central (13%). A leucemia linfoblástica aguda é a forma mais comum de malignidade na infância, representa cerca de 30% dos casos de cancro em crianças com menos de 15 anos de idade.
A evolução do tratamento, contribui para a alta taxa de sobrevivência (70%) de crianças durante a terapêutica sendo a taxa de mortalidade depende do desenvolvimento da doença, da idade da criança e da resposta inicial ao tratamento.
No entanto, existem diversos efeitos colaterais provenientes dos tratamentos. A curto prazo, os efeitos colaterais são muito similares aos dos adultos, com surgimento de náuseas, vómitos e predisposição a outras infeções. A médio e longo prazo, podem influenciar o desenvolvimento motor, o crescimento, o desempenho músculo-esquelético, funcional e a qualidade de vida.
As limitações causadas pela doença e pelos tratamentos afetam diretamente os níveis de atividade física dos pacientes, provocando uma diminuição da capacidade física, nomeadamente da capacidade aeróbia e força muscular.
O exercício físico está associado à melhoria dos aspetos psicológicos, fisiológicos e físicos. Alguns estudos demonstram que o exercício físico hospitalar/domiciliar proporciona benefícios sobre a força muscular, a aptidão física e a funcionalidade, e que o mesmo é seguro para o paciente.
Desta forma, torna-se importante promover e incentivar a prática de exercício nestas crianças e adolescentes de forma a atenuar os efeitos colaterais provocados pela doença e os tratamentos associados.
Fonte: Santos et al. (2021)