Cancro, o que é?
Cancro é uma designação que engloba centenas de doenças que partilham, como elemento comum, o crescimento e a proliferação celular de forma anormal e descontrolada e que podem, em algumas situações, alastrar para locais anatómicos distantes. Este crescimento descontrolado e aumento de células anormais são resultantes de danos no ácido desoxirribonucleico (ADN). A maioria dos cancros é classificado de acordo com o tipo de célula de onde se originam. Os carcinomas desenvolvem-se a partir das células epiteliais dos órgãos e compõem pelo menos 80% de todos os cancros. Outros cancros proveem das células do sangue (leucemia), sistema imunitário (linfoma) e tecidos conjuntivos (sarcoma).
O Cancro é atualmente um problema de saúde pública, sendo a segunda principal causa de morte em Portugal.
Segurança do Exercício Físico no Doente Oncológico
Em 2018, uma equipa multidisciplinar de especialistas definiu diretrizes de saúde pública e recomendações de programas de exercício específicos para cada tipo de cancro, tratamentos e/ou efeitos desses tratamentos. Além disso, reforçaram a evidência da segurança do exercício físico nesta população e que todo o sobrevivente de cancro deveria “evitar a inatividade”.
Estes especialistas concluíram também que existem evidências suficientes para definir doses específicas de treino aeróbio, combinado (aeróbio e resistência) e/ou treino de resistência com vista à melhoria dos resultados comuns de saúde relacionados ao cancro, incluindo ansiedade, sintomas depressivos, fadiga, função física e qualidade de vida relacionado com a saúde.
Estes especialistas concluíram também que existe:
- Forte evidência de que o exercício físico é seguro em pessoas que têm ou podem desenvolver linfedema relacionado ao cancro de mama;
- Algumas evidências de que o exercício é benéfico para a saúde óssea e qualidade do sono.
Para além disso, levantaram a possibilidade de que a atividade física pode ter efeitos benéficos na sobrevida de pacientes com cancro da mama, colorretal e próstata.
Cada vez existe mais evidência da segurança e acima de tudo dos benefícios da prática de exercício físico em sobreviventes de cancro, pelo que temos de começar a quebrar “tabus” e começar a encarar o exercício como uma estratégia complementar e eficaz no combate a esta doença.
Importância do Exercício Físico para o Sobrevivente de Cancro
A promoção de um estilo de vida saudável e ativo no sobrevivente de cancro é fundamental para uma vida saudável assim como para a diminuição da probabilidade de reincidência da doença. Assim sendo, torna-se essencial para o doente oncológico manter uma prática de exercício físico regular.
Os pacientes de cancro podem vivenciar efeitos secundários que limitam a sua capacidade de realizar exercício durante e após o tratamento. Além disso, a capacidade física em geral é afetada e geralmente diminuída.
Desta forma, o exercício físico pode ser encarado como uma estratégia não farmacológica eficaz para atrasar os efeitos colaterais dos tratamentos tendo em conta que tem o potencial de minimizar os processos degenerativos associados ao cancro e promove alterações comportamentais ligadas ao estilo de vida.
Durante os tratamentos, evidências sugerem que o exercício físico tem o potencial de prevenir a atrofia muscular e manter/melhorar as capacidades funcionais nomeadamente ao nível da capacidade cardiorrespiratória e da força, assim como minimizar o número e a gravidade dos efeitos secundários, nomeadamente na diminuição:
- Náuseas;
- Dor;
- Fadiga;
- Stress;
- Ansiedade e depressão;
Já no processo de recuperação, após tratamentos, evidências sugerem que o exercício físico pode promover benefícios fisiológicos e psicológicos nos sobreviventes de cancro, tendo o potencial de promover:
- Redução do risco de recidiva;
- Aumento da capacidade cardíaca e funcional;
- Melhoria da força;
- Melhoria da flexibilidade;
- Melhoria da capacidade cardiorrespiratória;
- Melhoria da função imune;
- Melhoria da composição corporal;
- Melhoria da sensação de fadiga;
- Melhoria da qualidade de vida.
O exercício não é uma cura ou tratamento para o cancro, mas cada vez há mais evidência que é uma excelente ferramenta no combate aos efeitos secundários dos tratamentos assim como na recuperação/reabilitação dos sobreviventes de cancro.
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